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Procedimentos em caso de emergência


O conteúdo desta página é proveniente da página oficial da Alcor Life Extension Foundation e foi traduzido para português com autorização.

 

O propósito da criónica é preservar a vida. Consequentemente a Alcor intervém no processo de morte o mais cedo possível assim que a lei o permita. Se se seguirem os procedimentos adequados imediatamente após o coração parar, então a morte legal não tem qualquer impacto na biologia da criónica nem nas suas prospecções para o sucesso. Para informação adicional relacionada com este problema consulte Suporte Cardiopulmonar na criónica (Informação em Inglês).

Casos Ideais

Na medicina é prática comum descontinuar os cuidados médicos nos doentes terminais e declarar a morte legal assim que o coração parar de bater. Os minutos que separam a paragem do coração da morte cerebral (por critério convencional) providencia uma janela de oportunidades para a Alcor restaurar artificialmente a circulação sanguínea e preservar a viabilidade do cérebro mesmo que o paciente esteja legalmente morto. Os casos na criónica cujas técnicas de suporte à vida são prontamente aplicadas para manter a viabilidade do cérebro após o coração parar, são considerados os casos ideais.

Standby

A Alcor encoraja fortemente os membros que estão em fase de doença terminal para se mudarem para instalações hospitalares em Scottsdale, Arizona. Se a mudança não for possível a Alcor poderá disponibilizar equipamento e uma equipa de transporte para uma localização remota. Assim que a condição do paciente se tornar crítica, o pessoal da Alcor irá aguardar perto do paciente numa base de 24horas. A isto é chamado "standby". Assim que o coração pára, uma enfermeira ou médico declara a morte legal e a equipa da Alcor começa os procedimentos de suporte acima descritos.

Estabilização

O paciente é colocado numa banheira em água gelada, a circulação sanguínea e a respiração são artificialmente restauradas por um reanimador coração-pulmão (RCP). O RCP é um aparelho mecânico usado em emergências médicas para realizar um RCP. Na criónica, o termo SCP (suporte cardiopulmonar) é usado em vez do RCP porque a intenção é providenciar o suporte à vida, não a ressuscitação cardíaca. Pelo facto de os pacientes da criónica estarem legalmente mortos, a Alcor pode usar métodos que não estão ainda aprovados para uso médico convencional. Isto permite à Alcor usar novas tecnologias que podem conservar o cérebro mais tempo e mais eficientemente do que o tradicional RCP. Em particular, a combinação de compressão-descompressão simultânea SCP e o rápido arrefecimento são conhecidos por serem bastante efectivos para a protecção do cérebro durante a paragem cardio-respiratória.

As linhas intravenosas também são estabelecidas, e é administrada medicação para a sua protecção. Isto inclui:

  • Inibidores de radicais livres
  • Inibidores de NOS (Nitric Oxide Synthase)
  • Inibidores de PARP (Poly ADP-ribose polymerase)
  • Inibidores de Excito-toxicidade
  • Anticoagulantes
  • "Pressors"
  • Buffers de pH
  • Anestésicos

Estas drogas ajudam a manter a pressão sanguínea durante o SCP, e a proteger o cérebro de lesões de reperfusão. A anestesia reduz o consumo de oxigénio por parte do cérebro o que o acaba por proteger.

O compressor de peito LUCAS, apresentado na foto ao lado, é usado pela Alcor para reestabelecer a circulação sanguínea e a oxigenação nos pacientes da criónica que sofrem uma paragem cardio-respiratória.

A Alcor também usa o Michigan Instruments Thumper. Ambos são alimentados por oxigénio comprimido e restauram a circulação sanguínea muito melhor do que o manual RCP.

Transporte

Se o paciente esta num hospital onde a administração não está disposta a permitir os procedimentos da criónica, o paciente é mudado para uma localização alternativa enquanto o SCP e a refrigeração são mantidas sem interrupção. As artérias femorais e as veias são acedidas cirurgicamente e o paciente é colocado num bypass cardiopulmunar. Isto significa que o sangue vai circular através de uma maquina cardiopulmonar portável que substitui as funções do coração e dos pulmões do paciente. Um SCP externo deixa de ser preciso e é descontinuado.

Passados alguns minutos, um permutador de calor na máquina cardiopulmonar reduz a temperatura do paciente para alguns graus acima do ponto de congelamento da água. O sangue também é substituído por um órgão de preservação que é especialmente desenhado para manter a vida a baixas temperaturas. Se o paciente estiver localizado fora do Arizona, eles são embalados em gelo para o transporte aéreo até as instalações da Alcor em Scottsdale, Arizona.

Este tratamento é similar aos procedimentos usados pelos cirurgiões de transplantes para suportar a vida dos órgãos que são transportados ao longo do país para transplantes, com a excepção de que os procedimentos da Alcor são aplicados ao paciente todo. Estudos notáveis mostram que animais conseguem sobreviver até 3 horas em armazenamento gelado (Informação em Inglês) usando apenas a tecnologia médica existente. Podem mesmo sobreviver a períodos mais longos (Informação em Inglês) se a solução para a preservação circular continuamente. A solução MHP2 para a preservação usada pela Alcor foi desenvolvida em 1984 durante uma experiência pioneira (Informação em Inglês) na qual animais foram recuperados com sucesso após 4 horas de perfusão de sangue a +4ºC.

Depois dos grandes vasos sanguíneos serem cirurgicamente acedidos, o kit Air Transportable Perfusion (ATP) da Alcor, apresentado na foto em baixo, possibilita o arrefecimento do paciente para temperaturas nas quais o oxigénio deixa de ser necessário. O ATP substitui, também, o sangue por um órgão de preservação que mantém a vida a baixas temperaturas.

Perfusão Crio-protectora

O cirurgião na Alcor faz a conexão entre os maiores vasos sanguíneos e um circuito de perfusão. Os principais pontos do acesso vasculares são o arco aórtico e a aurícula direita do coração, que são acedidos através de uma cirurgia torácica (esternotomia média). Tradicionalmente, os pacientes da neuro-preservação são tratados com os mesmos procedimentos, com a excepção de que a aorta descendente foi bloqueada. Em 2000, a Alcor começou a tratar os pacientes da neuro-preservação acedendo directamente a carótida e as artérias vertebrais. Isto requer uma cuidada transecção cirúrgica da coluna vertebral porque as artérias vertebrais estão localizadas na coluna.

Uma base de perfusão similar à solução de preservação usada durante o transporte vai circular pelo paciente a uma temperatura próxima de 0ºC (o ponto de congelamento da água) durante vários minutos. Isto vai limpar qualquer resto de sangue no paciente. A concentração de crio-protector é então aumentada linearmente durante 2 horas até se atingir metade do objectivo final de concentração. Esta introdução lenta minimiza o stress osmótico e permite que a concentração de crio-protector tenha tempo suficiente para se equilibrar (ficar a mesma) dentro e fora das células. Uma inserção rápida até ao fim da concentração é então feita e a concentração final é então mantida até que a concentração de fluxo venenoso iguale a concentração desejada (aproximadamente 1 hora). Temperatura, pressão e os dados da concentração de crio-protector são monitorizados continuamente e adquiridos por um computador.

O estado do cérebro é visualmente monitorizado através de dois pequenos buracos feitos no crânio usando uma ferramenta standard de neurocirurgia (perfurador Codman 14 mm). Isto permite verificar a perfusão encefálica devido a uma injecção de corante, e observar a resposta osmótica por parte do cérebro. Um cérebro saudável retrai-se sensivelmente do crânio em resposta à perfusão de crio-protector. Um cérebro danificado incha indicando que a barreira hematoencefálica foi comprometida. Esta lesão é frequentemente vista em pacientes que sofreram um longo período de paragem cardio-respiratória sem tratamento.

A solução de crio-protecção que a Alcor usa para prevenir o congelamento é uma mistura de químicos desenvolvida por crio-biologistas mainstream para armazenamento longo-termo de órgãos para transplante. A solução foi especificamente validada para preservação estrutural do cérebro. No fim da perfusão estes químicos atingem uma concentração de aproximadamente 60%. Nos tecidos penetrados adequadamente pela solução, não é possível congelar a pequena quantidade de agua que resta. Em vez de congelar, os tecidos vitrificam quando são arrefecidos a temperaturas criogénicas. A penetração variável da solução parece resultar com a combinação da vitrificação e o congelamento parcial de vários tecidos do corpo em vez da vitrificação total (preservação sem gelo) do cérebro, pelo menos sobre condições ideais.

Arrefecimento

Depois da perfusão crio-protectora, os pacientes são arrefecidos sobre o controlo computorizado por gás de nitrogénio a circular em ventoinhas a uma temperatura próxima de -125ºC. O objectivo é arrefecer todas as partes do paciente a uma temperatura inferior a -124ºC (a temperatura de transição para vidro) o mais rápido possível para evitar qualquer formação de gelo. Este processo requer aproximadamente 3 horas, no fim do qual o paciente fica "vitrificado" (atinge um estado estável sem gelo). O paciente é então arrefecido até -196ºC durante aproximadamente 2 semanas.

Os pacientes são monitorizados por sensíveis instrumentos "crackphone" durante este longo período de arrefecimento para detectar fracturas que têm tendência a ocorrer quando grandes objectos são arrefecidos a temperaturas inferiores à temperatura de transição para vidro. Contrariamente ao que a imprensa reporta, fracturar não é um resultado de inépcia. É um problema universal para órgãos grandes quando arrefecidos até a temperaturas de nitrogénio liquido. O governo federal recebeu recentemente uma quantia de $1.3 milhões de dólares para estudar especificamente este problema de fracturação durante a crio-preservação.

Tratamento a longo-termo

Actualmente os pacientes da Alcor são conservados sobre nitrogénio liquido a uma temperatura de -196ºC. O nitrogénio liquido é mantido em recipientes isolados com vácuo que requerem um reabastecimento todas as semanas. O nitrogénio liquido é usado por ser barato e fiável.

A Alcor está em experiências neste momento com vista a encontrar uma alternativa à fase de armazenamento em "vapor" que irá manter a segurança e a fiabilidade do nitrogénio liquido, mas permite aos pacientes serem mantidos a temperaturas estáveis mais quentes que o nitrogénio liquido. Isto iria reduzir ou eliminar as fracturas.

Casos não-ideais

Infelizmente nem todos os pacientes da Alcor conseguem ser atendidos no preciso momento em que o coração pára. Em casos de doenças súbitas ou lesões graves, a circulação sanguínea pode parar durante horas sem que algum procedimento criónico seja aplicado. Se um médico determinar que um membro Alcor em paragem cardio-respiratória não pode ser ressuscitado com a tecnologia corrente (i.e. declara morte legal), as acções mais importantes são administração de heparina (uma droga que previne a coagulação sanguínea) seguida de compressões no peito para fazer circular a heparina, arrefecimento com gelo, e o envio rápido do paciente para a Alcor. A Alcor irá cooperar com os directores de mortuárias locais para tratar de todos estes preparativos. A Alcor irá também negociar com as autoridades para limitar qualquer autópsia que possa ser necessária. (A Alcor recomenda que todos os membros assinem uma Objecção Religiosa a Autópsia).

A aplicação da criónica em pacientes que estão clinicamente mortos é provavelmente o aspecto da criónica mais incompreendido. Como é que a criónica pode ajudar alguém que está clinicamente morto? A resposta é que a vida e morte não são estados binários de "on-off". Para células, órgãos e pessoas, morte é um processo e não um evento.

Por exemplo, é comum acreditar-se que o cérebro "morre" após 5 minutos sem oxigénio com uma temperatura corporal normal. Isto é um mito. Existem cérebros que já foram ressuscitados após 1 hora de paragem cardio-respiratória quente e mesmo células do cérebro humano já foram recuperadas mesmo depois de 4 horas e até mesmo 8 horas de morte clínica, a uma temperatura normal. O que acontece realmente é que após 5 minutos sem oxigénio, assim que a circulação sanguínea é novamente restaurada, alterações químicas ocorrem no cérebro que provocam inchaços nos vasos sanguíneos. Sem intervenções especiais, estes inchaços podem parar, eventualmente, a circulação sanguínea restaurada, resultando na morte de todas as células do cérebro algumas horas mais tarde. Ou seja, o que acontece na prática é que um cérebro que é privado de oxigénio mais de 5 minutos é normalmente condenado a morrer em algumas horas. Mas condenado não é o mesmo que morto.

É sabido que as alterações biológicas que ocorrem nas primeiras horas de paragem cardio-respiratória são fundamentalmente menores e reversíveis em principio. Existe actualmente tecnologia que pode recuperar pessoas depois de mais de 5 minutos de paragem cardio-respiratória, no entanto é raramente usada. A investigação médica convencional dedicada à doação de tecido cerebral e de células cerebrais vivas recuperadas de doadores post-mortem, realça as pequenas alterações na natureza do cérebro, nas primeiras horas de morte clínica, como pouco importantes.

No fim de contas, a diferença entre vida e morte para uma célula, um órgão ou um organismo é apenas a maneira como os átomos estão organizados dentro deles. Parece praticamente certo de que a medicina futura capaz de diagnosticar e reparar ao nível molecular será capaz de ressuscitar pessoas após longos períodos de morte clínica melhor que a medicina actual. Quanta memória e personalidade irão sobreviver após a recuperação e cura após horas de paragem cardio-respiratória ainda não é actualmente sabido.

Ética nos casos Não-Ideais

Existe uma dupla especulação na crio-preservação de pacientes clinicamente mortos. Primeiro, como em todos os casos de criónica, é assumido que o processo de crio-preservação irá um dia ser reversível. Segundo, é assumido que a medicina futura será capaz de recuperar com sucesso pessoas após longos períodos de paragem cardio-respiratória. A Alcor encoraja os seus membros a reduzirem os seus riscos de ataques cardíacos e AVC, e a se mudarem para perto da Alcor, se possível, durante períodos de doença grave. Se apesar destas precauções algum membro da Alcor sofrer alguma paragem cardio-respiratória sem assistência, a Alcor irá aplicar mesmo assim a crio-preservação a não ser que o membro indique algo em contrário no seu processo.

A criónica nunca deve ser confundida com o regime de funeral. A Alcor raramente aceita casos envolvendo morte legal de um não-membro. Uma combinação de emoções fortes, falsa esperança, infamiliaridade com a criónica, baixa probabilidade de sucesso, e custos elevados da criónica sem seguro de saúde provoca uma difícil aceitação ao nível ético de tais casos. Pessoas que pensam que talvez um dia venham a se interessar pela criónica, devem investigar a criónica agora. Esperar que a criónica seja necessária significa, quase sempre, que não vai estar disponível.

Para os membros Alcor que escolheram ser crio-preservados, se necessário, sobre condições medíocres, existe um ponto final ético. Enquanto a medicina de ressuscitação permanecer uma ciência inacabada, é antitético usar a etiqueta "morte" como base para destruir a criónica. Chamar a alguém "morto" é meramente a maneira da medicina moderna de se desculpar dos problemas de ressuscitação que não podem ser resolvidos hoje. Isto faz com que as pessoas se sintam melhor ao abandonarem o paciente e fazerem a assumpção injustificada de que ninguém podia resolver o problema. A criónica, em contrapartida, é cuidadamente conservativa ao reconhecer que a verdadeira linha entre a vida e a morte é pouco clara e desconhecida hoje em dia. É humildade diante do desconhecido. É a coisa certa a fazer.





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